sábado, 31 de maio de 2008

Turista preguiçoso e o Jornalista amigo


("Mas que raio está este gajo a magicar agora?")

Era uma vez um turista....naaa, nesta quinta não há post´s desses! Fala-se de algo que toda a gente costuma dizer que é um dos seus hobbies preferidos, mas enganem-se e peço desde já desculpa por isso, não é de coleccionar botões que se fala, é mesmo de viajar. É comum hoje em dia ouvir-se dizer em conversas, normalmente quando as pessoas não se conhecem muito bem e querem preencher espaços ou quando estão a tentar sacar a miúda, "Adoro viajar!". Então se esta expressão for acompanhada de um olhar apaixonado para o horizonte, temos pano para mangas. Mas como é que se viaja hoje? Estamos na era do preguiçoso, ele é a massa pronta a comer, a sopa pronta a fazer, o cinema em casa, a discoteca no carro e o turismo não escapa a isto com os seus "pacotes". O turismo é agora algo como um emprego do lazer, o verdadeiro emprego de verão. Começa e acaba com um taxi, tendo no meio um avião, um taxi, um hotel, passeios com desconhecidos, uns deprimentes bailes no hotel, muito álcool para se esquecer esta tristeza, taxi e avião. Onde ficou perdida a beleza do turismo desenrasca que começa apenas com um bilhete de avião e logo se vê? Claro que é chato ter de se escolher os sítios que se quer visitar, é chato poder escolher um bar para beber o típico com os "nativos" e escolher que no dia sequinte vamos ficar a dormir até à hora que a senhora da limpeza nos expulse do sítio que encontrámos por uma pechincha. É, este tipo de turismo é chato, e por isso é que é normal ouvir-se dizer: "Ó querida, e aquela vez que fizémos o check-in no Hotel mal chegámos. Que saudades que tenho dessas coisas emocionantes." Já outro tipo de manifestações saudosistas do género, "E daquela vez que conhecemos aquela malta que se fartou de nos pagar copos e ainda nos mostrou um sítios bem fixes? Ainda tenho número da Sophie!", são puramente mito e fazem parte do imaginário de gente que não sabe que em viagens não se cometem esse tipo de loucuras que até poderiam resultar em coisas bem engraçadas para contar aos netos. Mas eu sinto a impaciência. Sinto que há leitores que já se coçam e contorcem porque não percebem como se vai meter o jornalismo no meio disto. Pois eu digo que tem tudo a ver! Tal como o turista do "pacote", há o informante que gosta que o jornalista seja amigo e o leve ao colo já que não há muito espaço para pensar naquilo em que realmente gostaria de se informar ("A minha cabeça não dá para mais", ouve-se amiudamente). Esse é o informante dos telejornais televisivos (pleonasmo também é fixe!), que senta, pousa os braços apoiando a cabeça, e está durante uma hora a ser informado sobre tudo e sobre nada e até sobre a aldeia que só tem duas pessoas mas que já teve mais de cem mas que agora só tem duas. Claro que escolher o tipo de jornalismo que gostamos, passar os olhos pela capa e de forma crítica (blasfémia!) escolher se queremos saber a farmácia de serviço, saber quem vende piriquitos, ou se o urânio empobrecido já conseguiu recuperar a herança, é algo que também é mito e faz parte do imaginário das pessoas que têm muito tempo para pensar, comunistas portanto.


E ficamos por aqui, não sem antes lhes deixarmos uma imagem que nos faz sonhar, ser acordado às 8:00 em São Petesburgo, para embarcar numa veloz excursão cheia de americanos, arranjando tudo para estamos a tempo de ver as notícias da CNN no típico Hard Rock. Seria "awesome".

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